quarta-feira, 19 de junho de 2013

Tenho borboletas no estômago, e agora?!

" I'm alone in the street
And I'm scared and tired
For the first time in my whole life I felt desire
When I'm far from home
And I still don't want to be found.. "

domingo, 9 de junho de 2013

Vai entender. [?!]

Meu coração tem segredos que movem a solidão, a solidão.

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Teresina, PI. em 09 de Novembro de 2012

As memórias já se dissiparam, até outro dia eu andei angustiada. Descobri que o peso da culpa é medido em arrobas. Meu despertador demorou a tocar mais uma vez, e agora que eu acordei, não sei se as coisas estão tão claras assim.

Teresina, PI. em 26 de outubro de 2012

Hoje eu acordei com aquele mal estar comum aos que não dormiram bem, o diferente era a náusea, semelhante a que sinto depois das bebedeiras, com flashes dos acontecimentos da noite passada, seguidos de um frio na barriga, a falta de fome seguida da falta de vontade de comer me enfraquecia mais ainda. Tudo isso e nenhuma gota de álcool eu havia ingerido, e não, nenhuma outra droga (já faz um ano que parei de fumar e mais de dois que parei com outras drogas). Essa sensação eu já conhecia, e é o que chamo de ressaca moral. O que mais Aperta meu coração é não poder ligar para o Tavinho e falar sobre tudo que houve ontem, contar cada detalhe, pedir conselhos como eu sempre faço com ele, como fazem os melhores amigos. Não posso porque afinal, foi com ele que passei a noite de ontem. Teria eu me precipitado? Ou foi ele? Fato é que parecíamos dois animais querendo se aquecer usando o corpo e o calor do outro, naquela noite tão fria que ficou quente, tão longa que passou voando, e tão reconfortante que me deixa angustiada. Tudo isso misturado causou um turbilhão de pensamentos confusos na minha cabeça, mas me fez perceber que estava tudo sempre tão claro.

Pra entender do que eu falo..

Preciso que sua mente se abra para os mais amplos sentidos que possa ter a palavra "despertar". Assim compreenderá que nessa história o despertador ao qual me referirei pode ser um relógio com um dispositivo para soar em hora determinada, ou um "estalar de dedos", um clarear de idéias na cabeça das personagens. Essa é a historia sobre a vida de A.R. Silva e está sendo escrita em tempo real.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Retrato Falado

Logo na primeira vez que o vi Ainda era cedo na vida, eu de nada sabia E assustada deixei ele ir embora. Da outra vez, chegou um pouco tarde Foi tão irônico quanto "o perdão chegando dois minutos atrasado no corredor da morte". Em outros olhos o vi Mas nada pude fazer. E deixei ele ir Ah esse amor!

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Fúlvia morreu sem saber...

"Fúlvia morreu sem saber, o último dia, morremos todos assim, o maldito último dia, você acorda, pensei, o dia está claro, um céu azul, maravilhoso, ou um dia cinzento de chuva, não importa, também é maravilhoso, você pode fazer amor com a mulher que ama, fazer filho, pode escrever um livro, plantar uma árvore, deitar-se no sol, deitar-se na chuva, mas você não faz nada, nem ama, nem escreve, nem planta, você simplesmente desperdiça o dia, enfia o dia no lixo, você vai ao banco, conserta a torneira, fala com o contador, você se irrita com o telefone que não funciona direito, joga o dia no lixo, e às cinco horas da tarde, pum, morre. Ninguém te avisou que aquele era o último dia."

[Patricia Melo, Elogio da Mentira]

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Distração

"Na verdade continuo sob a mesma condição,
distraindo a verdade e enganando o coração."

domingo, 9 de outubro de 2011

Dispersão

Perdi-me dentro de mim
Porque eu era labirinto,
E hoje, quando me sinto,
É com saudades de mim.

Passei pela minha vida
Um astro doido a sonhar.
Na ânsia de ultrapassar,
Nem dei pela minha vida...

Para mim é sempre ontem,
Não tenho amanhã nem hoje:
O tempo que aos outros foge
Cai sobre mim feito ontem.

(O Domingo de Paris
Lembra-me o desaparecido
Que sentia comovido
Os Domingos de Paris:

Porque um domingo é família,
É bem-estar, é singeleza,
E os que olham a beleza
Não têm bem-estar nem família).

O pobre moço das ânsias...
u, sim, tu eras alguém!
E foi por isso também
Que te abismaste nas ânsias.

A grande ave dourada
Bateu asas para os céus,
Mas fechou-as saciada
Ao ver que ganhava os céus.

Como se chora um amante,
Assim me choro a mim mesmo:
Eu fui amante inconstante
Que se traiu a si mesmo.

Não sinto o espaço que encerro
Nem as linhas que projeto:
Se me olho a um espelho, erro —
Não me acho no que projeto.

Regresso dentro de mim
Mas nada me fala, nada!
Tenho a alma amortalhada,
Sequinha, dentro de mim.

Não perdi a minha alma,
Fiquei com ela, perdida.
Assim eu choro, da vida,
A morte da minha alma.

Saudosamente recordo
Uma gentil companheira
Que na minha vida inteira
Eu nunca vi... Mas recordo

A sua boca doirada
E o seu corpo esmaecido,
Em um hálito perdido
Que vem na tarde doirada.

(As minhas grandes saudades
São do que nunca enlacei.
Ai, como eu tenho saudades
Dos sonhos que não sonhei!...

E sinto que a minha morte —
Minha dispersão total —
Existe lá longe, ao norte,
Numa grande capital.

Vejo o meu último dia
Pintado em rolos de fumo,
E todo azul-de-agonia
Em sombra e além me sumo.

Ternura feita saudade,
Eu beijo as minhas mãos brancas...
Sou amor e piedade
Em face dessas mãos brancas...

Tristes mãos longas e lindas
Que eram feitas Pra se dar
Ninguém mas quis apertar
Tristes mãos longas e lindas

Eu tenho pena de mim,
Pobre menino ideal...
Que me faltou afinal?
Um elo? Um rastro?... Ai de mim!...

Desceu-me na alma o crepúsculo;
Eu fui alguém que passou.
Serei, mas já não me sou;
Não vivo, durmo o crepúsculo.

Álcool dum sono outonal
Me penetrou vagamente
A difundir-me dormente
Em urna bruma outonal.

Perdi a morte e a vida,
E, louco, não enlouqueço...
A hora foge vivida,
Eu sigo-a, mas permaneço,...
..................................
Castelos desmantelados,
Leões alados sem juba
......................................

(Mario de Sá Carneiro)

De gênio louco, todo mundo tem um pouco..

" Daí em diante foi uma coleta desenfreada. Um homem não podia dar nascença ou curso à mais simples mentira do mundo, ainda daquelas que aproveitam ao inventor ou divulgador, que não fosse logo metido na Casa Verde. Tudo era loucura. Os cultores de enigmas, os fabricantes de charadas, de anagramas, os maldizentes, os curiosos da vida alheia, os que põem todo o seu cuidado na tafularia, um ou outro almotacé enfunado, ninguém escapava aos emissários do alienista. Ele respeitava as namoradas e não poupava as namoradeiras, dizendo que as primeiras cediam a um impulso natural e as segundas a um vício. Se um homem era avaro ou pródigo, ia do mesmo modo para a Casa Verde; daí a alegação de que não havia regra para a completa sanidade mental. "

( Machado de Assis, O Alienista )